O sermão do monte apresenta
princípios éticos e morais pertinentes ao reino do Messias? Que relação há
entre a degradação moral do gênero humano e os princípios anunciados por Jesus?
O sermão do monte é um conjunto de normas e princípios de cunho ético e moral?
É um estatuto do reino de Cristo? Basta comportar-se segundo alguns princípios
éticos e morais que o homem terá direito ao reino dos céus?
E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se,
aproximaram-se dele os seus discípulos; E, abrindo a sua boca, os ensinava,
dizendo:
Bem-aventuradosos pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventuradosos que choram, porque eles serão consolados;
Bem-aventuradosos mansos, porque eles herdarão a terra;
Bem-aventuradosos que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
Bem-aventuradosos misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
Bem-aventuradosos limpos de coração, porque eles verão a Deus;
Bem-aventuradosos pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
Bem-aventuradosos que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventuradossois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
Bem-aventuradosos pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventuradosos que choram, porque eles serão consolados;
Bem-aventuradosos mansos, porque eles herdarão a terra;
Bem-aventuradosos que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
Bem-aventuradosos misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
Bem-aventuradosos limpos de coração, porque eles verão a Deus;
Bem-aventuradosos pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
Bem-aventuradosos que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventuradossois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
( Mt 5:1 -11)
Há várias teorias que tentam explicar
o sermão do monte.
Para alguns estudiosos o sermão do
monte é um 'evangelho' exclusivo do reino de Jesus. Outros compreendem que o
sermão apresenta princípios éticos e morais pertinentes ao reino do Messias.
Geralmente fazem um comparativo entre a degradação moral do gênero humano e os
princípios anunciados no sermão.
Diante das análises e de algumas contradições,
ficam as questões: O sermão do monte é um conjunto de normas e princípios de
cunho ético e moral? É um estatuto do reino de Cristo? Basta praticar o que
Jesus anunciou e o homem terá direito ao reino dos céus?
Para compreendermos a mensagem de
Jesus, é necessário observarmos alguns versículos do Antigo Testamento e a
dinâmica do aprendizado da Escritura naquela época. Dentre vários versículos
destacamos:
"Bem-aventurado tu, ó Israel! Quem é como tu? Um povo salvo pelo SENHOR, o escudo do teu socorro, e a espada da tua majestade; por isso os teus inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas alturas" ( Dt 33:29 );
"Provai, e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nele confia" ( Sl 65:4 );
"Bem-aventurado aquele a quem tu escolhes, e fazes chegar a ti, para que habite em teus átrios" ( Sl 34:8 );
"Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados" ( Sl 84:5 ).
Sobre a dinâmica do aprendizado do
povo judeu, destacamos:
Vários livros do Antigo Testamento fazem referência à bem-aventurança. Dentre eles o livro de Provérbios e o livro dos Salmos são os que mais fazem referências as bem-aventuranças. Estes livros do Antigo Testamento eram lidos constantemente nas sinagogas, e mesmo aqueles que não sabiam ler conheciam de cor algumas das citações, entre elas as que envolviam a idéia da bem-aventurança.
Vários livros do Antigo Testamento fazem referência à bem-aventurança. Dentre eles o livro de Provérbios e o livro dos Salmos são os que mais fazem referências as bem-aventuranças. Estes livros do Antigo Testamento eram lidos constantemente nas sinagogas, e mesmo aqueles que não sabiam ler conheciam de cor algumas das citações, entre elas as que envolviam a idéia da bem-aventurança.
É importante lembrar que naquela
época um livro era caríssimo, e o povo não tinha acesso ou não sabiam ler, o
que fortalecia a necessidade de memorizar o que era lido. Eles dependiam da
leitura no templo para ouvirem trechos da lei, dos profetas e dos cânticos. O
livro de Provérbios e os Cânticos dos Salmos auxiliavam em muito no processo de
memorização.
Outra característica dos textos que
fazem referência a bem-aventurança é a conexão com o nome do Deus de Israel. No
Antigo Testamento a idéia da bem-aventurança decorre do favor de Deus para com
os homens.
Um mestre sempre se assentava para
ensinar e Jesus assentou sobre o monte cercado pelos seus discípulos e pela
multidão. A multidão ao ver que Jesus se assentou, cercou-lhe ansiosa para
ouvir o discurso.
Jesus havia percorrido toda a Galiléia curando os enfermos, ensinando nas sinagogas e pregando o evangelho. A notícia de suas ações percorria todas as cidades. Uma grande multidão vinda de várias cidades o seguia ( Mt 4:25 ).
Vendo Jesus a grande multidão subiu a um monte e assentou-se ( Mt 5:1 ); os seus discípulos aproximaram-se e ele passou a ensiná-los!
Há muito tempo que o povo ouvia falar das bem-aventuranças prometidas nas escrituras, mas a situação era de opressão e miséria.
Jesus havia percorrido toda a Galiléia curando os enfermos, ensinando nas sinagogas e pregando o evangelho. A notícia de suas ações percorria todas as cidades. Uma grande multidão vinda de várias cidades o seguia ( Mt 4:25 ).
Vendo Jesus a grande multidão subiu a um monte e assentou-se ( Mt 5:1 ); os seus discípulos aproximaram-se e ele passou a ensiná-los!
Há muito tempo que o povo ouvia falar das bem-aventuranças prometidas nas escrituras, mas a situação era de opressão e miséria.
A fama de Jesus havia criado uma
expectativa na multidão, e quando Jesus falou sobre a bem-aventurança,
materializou-se a esperança dos ouvintes. Anos após anos os pais anunciavam aos
filhos uma época de alegria plena, mais ainda não tinham experimentado da
alegria prometida por Deus.
O sermão do monte iniciou-se com uma
mensagem de alegria a um povo oprimido e sem esperança. Jesus apresenta uma
esperança viva, porém, o discurso endurece logo em seguida. O povo esperava
refrigério e segurança nesta vida. Esperavam um Messias que os libertasse da
escravidão política.
Qual a mensagem Jesus transmitiu ao
povo no sermão do monte? Sobre que alegria Jesus falou? Que esperança foi
transmitida? A alegria prometida dependia do cumprimento de mais normas e
regras?
Conheça um pouco mais sobre este
importante sermão!
"Bem-aventurados
os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus"
As pessoas ao ouvirem: "Bem-aventurados...", logo
fizeram conexão com algumas das citações bíblicas. Será que Ele comentará um
dos Provérbios? Será que ele citou Salmos? Ou a abordagem dele será extraída da
lei?
A bem-aventurança é um tema que prendeu a atenção dos ouvintes de Jesus e em nossos dias ainda cria expectativa nos leitores. Afinal, quem não quer ser bem-aventurado?
Quando Jesus complementa: "Bem-aventurados OS POBRES..." a mensagem toca ainda mais os ouvintes. Esta seria uma mensagem inesquecível, pois tocou a emoção do povo: "Será uma revolução social? É agora que alcançaremos a hegemonia política e a paz prometida?".
A bem-aventurança é um tema que prendeu a atenção dos ouvintes de Jesus e em nossos dias ainda cria expectativa nos leitores. Afinal, quem não quer ser bem-aventurado?
Quando Jesus complementa: "Bem-aventurados OS POBRES..." a mensagem toca ainda mais os ouvintes. Esta seria uma mensagem inesquecível, pois tocou a emoção do povo: "Será uma revolução social? É agora que alcançaremos a hegemonia política e a paz prometida?".
A promessa de alegria aos pobres é
plenamente compreensível, mas o que entender do qualificativo adicionado ao
substantivo pobre? "Bem-aventurados os pobres de espírito...". Quem são os pobres de espírito?
Jesus estava rodeado de pobres de
várias cidades circunvizinhas. Se a mensagem fosse somente: 'bem-aventurados os
pobres', ela seria aceita e ovacionada pela multidão! Jesus teria conquistado
os seus ouvintes e mais seguidores. Mas, como um povo que professava 'a melhor'
religião, com princípios éticos e morais intocáveis e que se consideravam
filhos de Abraão poderia aceitar ou reconhecer ser um 'pobre de espírito'?
Como alguém observador da lei
reconheceria a condição de pobreza espiritual?
No Antigo Testamento não consta o
conceito 'pobre de espírito'. Mas, Aquele que representava uma esperança de
mudança na condição do povo, apresenta um novo conceito e uma necessidade de
reconhecer uma condição que caracteriza os pecadores ou os incircuncisos. Como
um filho de Abraão poderia reconhecer que era pobre de espírito?
Jesus completou a frase: "...porque deles é o reino dos céus". Muitos se perguntaram: De quem é o reino dos céus? Dos pobres de
espírito?
Além do mais, o povo estava a procura
de curas, de pães, de peixes, de um reino terreno, mas Jesus estava falando de
um outro reino: do reino dos céus!
Onde fica este reino? O que é o reino
dos céus?
Para responder essas perguntas
devemos observar a mensagem que foi anunciada desde o nascimento de Cristo: "E, naqueles dias, apareceu João batista pregando no deserto da
Judéia, e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus" ( Mt 3:1 -2); "Desde então começou Jesus a
pregar, e a dizer: arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus" Mt 4: 17.
Verifica-se que o reino dos céus diz
da pessoa de Cristo, como profetizou Isaias e reafirmou João Batista: "Porque este é o anunciado pelo profeta Isaias, que disse: Voz do
que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas
veredas" ( Mt 3:3 ).
Quando Jesus disse: "Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos
céus", Ele não estava denunciando a moral do povo. Ele
não estava apregoando um reino humano ( Jo 18:36 ). Também não estava em busca
de uma melhoria na condição socioeconômica do povo ( Jo 12:8 ). Antes Jesus
estava se apresentando ao povo por parábolas.
Com a sua mensagem, Jesus expôs ao
povo que Ele é o acesso ao reino dos céus, e que todos aqueles que
reconhecessem que eram pobres de espírito, estes seriam bem-aventurados.
Àqueles que reconhecessem a precária condição espiritual que se encontravam, pertenciam
o reino dos céus, que é Cristo. Eles precisavam reconhecer que eram
necessitados espiritualmente.
Enquanto queriam pão, Jesus estava
apresentado o pão vivo que desceu dos céus. Enquanto buscavam um reino, Jesus
estava lhes abrindo a porta do reino dos céus. A relutância em aceitar a
condição de necessitados espiritualmente persistiu até mesmo entre os
discípulos que criam nele: "Responderam eles (os judeus que
criam nele): somos descendentes de Abraão, e jamais fomos escravos de
ninguém" ( Jo 8:31 -33).
Eles acreditavam estar abastados
espiritualmente por serem descendentes de Abraão. Ao se auto proclamarem como
filhos de Abraão, os judeus estavam cônscios de que eram filhos de Deus ( Jo
8:41 ). Ser filho de Abraão para eles era o mesmo que ter a filiação divina.
Por isso João Batista disse que das pedras Deus poderia fazer filhos para si.
Em razão desta crença os judeus não admitiam que eram escravos de ninguém, uma
vez que se admitissem ser escravos, era o mesmo que admitir que alguém havia
conquistado o próprio Deus ( Jo 8:33 ).
"Bem-aventurados
os que choram, porque eles serão consolados"
O sermão prossegue: "Bem-aventurados OS QUE CHORAM...". A bem-aventurança depende da emoção humana? O choro como conseqüência
direta de uma emoção humana concede o favor de ser consolado?
Não! A idéia apresentada neste
versículo complementa a anterior.
O choro denota a condição de impotência frente a questões impossíveis. Após reconhecer a condição de miserabilidade espiritual, a reação do homem é o choro.
O choro denota a condição de impotência frente a questões impossíveis. Após reconhecer a condição de miserabilidade espiritual, a reação do homem é o choro.
A única ação de um miserável é o
choro, e serão consolados!
Para que o abatido seja consolado, é
preciso que habite com alguém que lhe arranque da miséria: "Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e
cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e
abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o
coração dos contritos" ( Is 57:15 ; Sl 51:17 ).
Compare:
"Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos
céus" ( Mt 5:3 ).
"...como também com o contrito e abatido de espírito, para
vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos
contritos" ( Is 57:15 ).
O salmista quando pedia perdão ao
Senhor disse: "Cria em mim, ó Deus, um coração
puro, e renova em mim um espírito reto" ( Sl
51:10 ).
Quem haveria de consolar os que
choram? Os que choram serão consolados por Aquele que tem o reino dos céus. É
Ele que enxugará todas as lágrimas!
A resposta está em Isaias: "O espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me
ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de
coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos;
A apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a
consolar todos os tristes" ( Is 61:1 -2).
"Bem-aventurados
os mansos, porque eles herdarão a terra"
A mensagem de Jesus possivelmente
formou um impasse na mente dos ouvintes: Moisés, o homem mais manso da terra
não conseguiu herdar a terra, como herdar a terra se os ouvintes não se
consideravam maiores que Moisés "E
era o homem Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a
terra" ( Nm 12:3 ).
Se Moisés, considerado um dos homens
mais manso da terra, não conseguiu herdar a terra, qual a intenção de Jesus ao
declarar que os mansos são felizes?
Mas a pergunta persiste: Quem são os
mansos? Qual é a terra a se herdar?
"E os mansos terão gozo sobre gozo no SENHOR; e os necessitados
entre os homens se alegrarão no Santo de Israel" ( Is 29:19 ).
"Os mansos comerão e se fartarão; louvarão ao SENHOR os que o buscam; o vosso coração viverá eternamente" ( Sl 22:26 ).
"Mas os mansos herdarão a terra, e se deleitarão na abundancia de paz" ( Sl 37:11 ).
"Os mansos comerão e se fartarão; louvarão ao SENHOR os que o buscam; o vosso coração viverá eternamente" ( Sl 22:26 ).
"Mas os mansos herdarão a terra, e se deleitarão na abundancia de paz" ( Sl 37:11 ).
À exemplo do Antigo Testamento as
bem-aventuranças decorre do Senhor de Israel, mas, como alcançar tamanha
alegria e ainda herdar a terra? E qual terra?
Jesus é a resposta: "Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas" ( Mt 11:29 ).
"Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;"
"....aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e
encontrareis descanso para as vossas almas"
Observe a relação entre os dois
versículos: aqueles que se deixarem instruir por Jesus, o Mestre por
excelência, estes serão felizes por alcançar o prometido, descanso para as
almas. Estes serão bem-aventurados por alcançar o prometido: a promessa de
herdar a terra equivale ao descanso para a alma para aqueles que se deixarem
instruir.
Quando Jesus falou 'bem-aventurados
os mansos, porque eles herdarão a terra', não foi com o intuito de concitar os
ouvintes a que tivessem uma personalidade semelhante ou superior a de Moisés.
A mansidão que Jesus faz referência
não é comportamental, antes é a mansidão vinculada ao coração, ou a nova
natureza do homem. Após o homem aprender de Jesus haverá uma transformação na
natureza do homem, e estes receberão a plenitude de Cristo, e serão semelhantes
a Ele: mansos e humildes de coração ( Cl 2:10 ).
Quando Jesus afirmou que os mansos
herdarão a terra, Ele não fez referência a elementos deste mundo, mas ao
descanso preparado por Deus. A 'terra' representa um lugar de descanso que Deus
preparou para os que aprenderem daquele que é por excelência manso de coração "Ora, nós, os que temos crido, entramos no descanso..." ( Hb 4:3 -10).
A terra prometida no Antigo
Testamento estava atrelada a idéia de descanso, e no Novo Testamento a
referência a terra diz de coisas melhores: do descanso de Deus. Aqueles que
aprenderem com Cristo, estes terão descanso para as suas almas.
Aquele que encontra descanso para a
sua alma em Cristo não receberá como herança um torrão de terra, antes será
herdeiro de novos céus e nova terra "Mas
nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita
a justiça" ( 2Pe 3:13 ).
O apóstolo Pedro ao referir-se aos
mansos de coração, não fala do homem natural, mas daquele homem que não
conseguimos visualizar, aquele 'encoberto no coração', do homem regenerado, que
possui um incorruptível traje de um espírito manso e quieto "Mas o homem encoberto no coração; no incorruptível traje de um
espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus" ( 1Pe 3:4 ).
O que é precioso diante de Deus? O
que possui valor para com Deus? Segundo o apóstolo Paulo o que tem valor, o que
tem virtude diante de Deus, é o ser uma nova Criatura: "Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem
valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor" ( Gl 5:6 ); "Porque em Cristo Jesus nem a
circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova
criatura" ( Gl 6:15 ).
Como a fé 'vem pelo ouvir', e o
'ouvir pela palavra de Deus', quando Jesus diz que devemos aprender dele, é
porque o seu ensino produz fé que faz os seus ouvintes alcançar uma nova vida
com direito a ser herdeiro com Cristo. Como Cristo descansou de suas obras,
como herdeiros de Deus, os de novo gerado alcançam a bem-aventurança.
Através da regeneração o homem
adquire a natureza de Cristo, ou seja, é gerado segundo Deus um novo homem em
verdadeira justiça e santidade, características pertinentes a pessoa de Cristo.
Somente através do novo nascimento o homem torna-se humilde e manso de coração.
"Bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos"
Percebe-se que Jesus não estava se
referindo à justiça que é administrada nos tribunais dos homens! A abordagem de
Jesus em momento algum teve objetivos político. Jesus não estava preocupado com
os problemas atrelados as injustiças sociais. Jesus não estava promovendo mais
uma obra de caridade.
Em momento algum Jesus expôs os
princípios anunciados pela teologia da libertação em que a prática de justiça
esteja atrelada a transformações de ordem econômicas, social e políticas. Em
momento algum Jesus demonstra que a bem-aventurança dependa de transformações
sociais ou que se fundamenta nas relações sociais.
Jesus não estava promovendo
diretamente a prática da fraternidade, o equilíbrio nas relações no exercício
do poder ou incentivando a partilha de bens no intuito de equilibrar a
distribuição de riquezas.
Não! O sermão do monte trata de
questões eminentemente espirituais.
Se Jesus estivesse promovendo a
solidariedade humana como requisito para se alcançar a verdadeira alegria, ele
não teria protocolado um veemente protesto aos seus ouvintes: "Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas
e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus" ( Mt 5:20 ).
Você já observou o conceito dos
fariseus e dos escribas frente a multidão? Para o povo os fariseus e os
escribas eram o que a sociedade tinha de melhor. Porém, a análise de Cristo é
diferente: "Assim também vós exteriormente pareceis
justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de
iniqüidade" ( Mt 23:28 ).
Os religiosos pareciam justos, mas a
natureza deles era incompatível com a divina: estavam plenos de iniqüidade.
Como seria possível as obras dos
ouvintes de Jesus alcançar uma posição maior em relação aos fariseus e
saduceus? Como entender o ter fome e sede de justiça? Onde os ouvintes de Jesus
encontrariam fartura de justiça?
Se conseguirmos responder a estas
perguntas, estaremos bem próximo de entender todos os conceitos apresentados
por Jesus no sermão do monte.
Jesus não se ocupou em estabelecer um
novo padrão de conduta para os seus ouvintes. Também não foi oferecido
felicidade e alegria com base nas emoções e motivações humanas.
A felicidade do homem neste mundo
envolve outros aspectos e não está vinculado ao que Cristo apregoou no sermão
do monte "Porque quem quer amar a vida, e ver os dias
bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano. Aparte-se
do mal, e faça o bem; Busque a paz, e siga-a" ( 1Pd 3:10 -11).
Se alguém procura a felicidade deste
mundo, basta seguir o que disse o apóstolo Pedro, ao citar o ( Sl 34:12 -14).
Basta ter uma vida correta diante da sociedade que o homem terá uma vida
tranqüila e sossegada em muitos aspectos.
O que Jesus oferece através das
bem-aventuranças vai além das perspectivas humanas e não se refere a este
mundo. A missão de Jesus é resgatar os pobres de espírito, sem qualquer
referência aos valores humanos, personalidade, caráter, moral, etc. Todos estes
elementos sofrem transformações ao longo do tempo, e difere de sociedade para
sociedade.
Os valores de hoje são totalmente
diferentes dos valores de cem anos atrás. O caráter e a moral sofreram
transformações e se adequou a sociedade moderna. Se a salvação estivesse
apoiada nestas questões circunstanciais, qual seria o padrão correto de conduta
nestes séculos de história da igreja?
Jesus não apoiou a sua doutrina no
homem ou em seus méritos. A doutrina de Jesus não faz acepção de pessoas, de
condição social, de épocas ou de cultura. A mensagem de Jesus é a mesma para os
pobres e para os ricos. Ambos precisam reconhecer a miséria espiritual que se
encontram.
Todos os homens precisam arrependerem-se
e o primeiro passo está em reconhecer a condição de miséria espiritual e a
necessidade de socorro divino. Todos os homens estavam mortos em delitos e
pecados, sem qualquer distinção entre eles.
A próxima bem-aventurança anunciada
por Jesus encera um desejo de mudança. Diante da condição de miséria
espiritual, quando o homem reconhece a sua real condição, resta somente o
choro, e a obra a ser realizada para mudar este quadro fica na dependência de
Deus.
Aqueles que se deixam instruir por
Jesus, o manso e humilde de coração, livram-se da condição de miséria
espiritual conforme foi apregoado tempos depois "Jesus
dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra,
verdadeiramente sereis meus discípulos. E conhecereis a verdade, e a verdade
vos libertará" ( Jo 8:31 -32).
"Bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos"
Ainda persistem as perguntas: Como ter fome e sede de justiça? Onde encontrar fartura de justiça? A resposta para estas perguntas nos fará compreender melhor os conceitos apresentados por Jesus no sermão do monte.
"Ó VÓS, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não
tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e
sem preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o
produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente,
e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura. Inclinai os
vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco
farei uma aliança perpétua, dando-vos as firmes beneficências de Davi" ( Is 55:1 -3).
O paradoxo perdura: Diante de uma
multidão faminta e sedenta Jesus declara que aqueles que têm fome e sede são
felizes. As necessidades básicas dos ouvintes de Jesus eram evidentes. Porém,
Jesus não se atem a problemática social. O fato de não ser tolerante às
injustiças sociais não aproxima o homem de Deus. Promover projetos de cunho
social não é o caminho que conduz aos céus.
Em um mundo em crise social,
econômica, política, familiar, etc, as pessoas desejam mudanças urgentes e
clamam por justiça, mas esta 'fome' e 'sede' de justiça não é a que traz a
verdadeira felicidade. A mensagem do evangelho não coaduna com a teologia da
libertação.
Somente os pobres de espírito têm
sede e fome de justiça. Os 'ricos' espirituais são aqueles que se consideram
justos diante de Deus. São aqueles que se justificam por meio de suas ações
diante dos homens.
Os pobres nada têm neste mundo para
sentirem-se seguros, mas eles terão o reino dos céus. Somente os pobres de
espírito sentem fome e sede de justiça, e em Deus serão fartos. Aquele que
concede o reino dos céus é justo e justificador, e somente ele pode satisfazer
o que é exigido pela sua justiça.
O profeta Isaías há muito tempo
anunciou aos pobres que bastavam vir e comprar o melhor que se podia oferecer:
vinho e leite. Que convite! Que alegria! Os pobres foram convidados a terem o
que as suas posses não podiam arrematar.
Porém, o profeta protesta: "Porque gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o produto do
vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer?" ( Is 55:2 ). A quem o profeta se referia? Aqueles que consideravam não
ter sede e fome! Aqueles que consideravam ter trabalhado o bastante para
satisfazer as suas necessidades. Estes trabalharam em vão.
Os pretensos ricos estavam gastando
naquilo que não podia satisfazer a necessidade essencial do homem.
Mas, de que maneira os pobres de
espírito podem saciar a fome e a sede? A resposta é bem simples: "Ouvi-me atentamente... Inclinai os vossos ouvidos...". Simples assim ser abastado de justiça? É isso que o profeta Isaías
disse: Todos que ouvirem atentamente a palavra de Deus, estes comerão o que é
bom, o melhor! O que pode fazer deleitar a alma.
Qual é o deleite da alma? O que a
palavra de Deus pode suprir? "Ouvi, e a vossa alma
viverá". Se o homem tem sede e fome de justiça, ela será
saciada a partir do momento que se obter da vida que há em Deus. Só após tornar
participante da natureza divina o homem estará abastado de justiça.
Não é o trabalho do homem que
satisfaz a necessidade da alma. Não é doações, não é pratos de sopas, não é
reconhecendo os erros do dia-a-dia, não é fazendo sacrifícios que o homem irá
satisfazer a necessidade primária da criatura de Deus.
O que satisfaz a necessidade dos
homens é o fruto do trabalho de Deus: "Ele
verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu
conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniqüidades
deles levará sobre si" ( Is 51:11 ).
O fruto do trabalho do servo do
Senhor se resume em conhecimento. Conhecimento é transmitido através da
palavra! O trabalho do Senhor é realizado por meio da sua palavra, e todos que
participarem do fruto oferecido terão nova vida.
Após aprender daquele que é humilde e
manso de coração "Tomai sobre vós o meu jugo, e
aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso
para as vossas almas" ( Mt 11:29 ), o homem encontrará
descanso e o verdadeiro alimento para a alma.
Cristo não estava preocupado com a
miséria socioeconômica do povo. A falta de moradia não era a causa ou a
bandeira do evangelho. O evangelho social não estava em voga no discurso do
Messias.
Cristo levou a iniqüidade de todos
nós, mas é o conhecimento transmitido por Ele que nos justifica. Ou seja,
quando Paulo diz que a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela palavra de Deus, nada
mais é do que aprendermos com Aquele que é manso e humilde de coração.
Através do conhecimento adquirido vem
a fé, e por meio da fé podemos agradar a Deus. Após adquirir vida através da
palavra de Deus, adquirimos um espírito manso, somos justificados, ou seja,
declarados justos diante de Deus.
Não é o caráter do homem que é
transformado. O homem não recebe uma moral 'nova' ao adquirir o conhecimento do
Santo. Antes, o homem tem o seu ser criado novamente em verdadeira justiça e
santidade ( Ef 4:24 ), e a sua alma alcança descanso no Bom Pastor.
Aqueles que entram por Cristo haverão
de entrar, sair e achar pastagem. Estes estão de posse do descanso prometido
por Deus ( Jo 10:9 ; Sl 23).
Através do evangelho de Cristo o
homem descobre a justiça de Deus ( Rm 1:17 ). Ao se alimentar das promessas contidas
no evangelho, o homem alcança maravilhosa fé que provem de Deus e passa a ter
vida dentre os mortos.
O ladrão na cruz foi justificado ao
refugiar-se em Cristo após reconhecer a sua miséria. Ele não tentou agarrar-se
a vida aqui, mas implorou pela futura ( Mt 10:39 ). Talvez aquele homem nunca
desejasse a justiça dos homens. Talvez ele sempre fosse um excluído da
sociedade. Mas, um único encontro com a justiça de Deus revelada aos homens foi
o suficiente para que um pobre de espírito obtivesse a vida eterna.
Jesus continuou a falar da
necessidade em se ter fome e sede de justiça em contraste com a situação dos
fariseus e saduceus "Porque vos digo que, se a
vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis
no reino dos céus" ( Mt 5:20 ).
Somente aqueles que se alimentam da
palavra de Deus têm em si a justiça maior, que ultrapassa em muito a dos
fariseus. Basta o homem reconhecer a sua pobreza espiritual que Deus não negará
o alimento necessário que produz nova vida "Porque,
assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas regam a
terra, e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que
come, assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para
mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a
enviei" ( Is 55:10 -11).
Para os homens, os fariseus e os
escribas representavam o que a sociedade tinha de melhor, mas a análise de
Cristo é diferente: "Assim também vós exteriormente
pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de
iniqüidade" ( Mt 23:28 ).
Só em Cristo é possível obter a
justiça que vem de Deus. Após ser justificado por meio de Cristo o homem obtém
o direito de entrar no reino dos céus.
"Bem-aventurados
os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia"
Por que os misericordiosos alcançarão misericórdia? É uma das qualidades que devemos ter? Jesus estava incentivando o perdão entre os seus ouvintes? Se não demonstramos misericórdia aos nossos semelhantes não obteremos da misericórdia de Deus?
A misericórdia aqui prometida não
refere-se a misericórdia que devemos oferecer aos nossos semelhantes. Ser
compassivo com o próximo não habilita ninguém a receber a misericórdia divina.
A experiência demonstra que ao sermos cordiais com os nossos semelhantes
teremos uma vida melhor nesta terra, mas isto não significa que obteremos
misericórdia de Deus porque exercermos misericórdia.
Só é bem-aventurado aquele que
alcança a misericórdia divina, pois toda bem-aventurança advém de Deus. Porém,
tal bem-aventurança não esta condicionada ao comportamento humano.
Daí surge à questão: Como ser
misericordioso para alcançar misericórdia? Se com Deus não barganha?
O que Jesus ensinou não se compara
aos ensinamentos budistas, espiritualistas, etc. Jesus não falou na
reciprocidade necessária ao tratamento humano. Ele não se ocupa em tratar de
questões comportamentais como o fazem as várias religiões pelo mundo.
Jesus está tratando desde o início do
sermão de questões exclusivamente espirituais e este versículo não é exceção:
Observe este salmo: "Bem-aventurado aquele cuja
transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem
o SENHOR não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano" ( Sl 32:1 -2).
Ser misericordioso é condição que
decorre do novo nascimento, onde o justificado passa a ser semelhante a Cristo.
Tal semelhança não se manifesta na conduta, mas decorre da nova natureza.
Todo aquele que é instruído por Jesus
passa a ser manso e humilde de coração; aquele que se alimenta dos ensinos de
Cristo passam a ser fartos de Justiça, pois são criados em verdadeira justiça e
santidade; aqueles que recebem de Deus misericórdia, passam a condição de
misericordiosos.
A misericórdia de Deus é demonstrada
em perdão. Deus não imputa maldade àqueles que são alvos de sua misericórdia.
Como? O salmista responde:
"Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado
é coberto"
Quem é bem-aventurado? A resposta é aquele! Aquele quem? O transgressor, o pecador! Se o transgressor, o pecador, é quem recebe a dádiva de Deus, percebe-se que o salmista fala do velho homem. O homem precisa de perdão, mas para isso a velha natureza precisa ser coberta na morte com Cristo.
O transgressor é alvo do perdão
divino desde que seja satisfeita uma condição da retidão e da justiça divina: a
alma que pecar, esta morrerá! Ou seja, se você é pecador só cessará do pecado
após morrer com Cristo. Este é o novo e vivo caminho que nos foi aberto pelo
corpo de Cristo.
O versículo citado acima aponta para
o homem não regenerado.
"Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não imputa maldade, e em
cujo espírito não há engano"
O homem cuja transgressão é perdoada, após receber o perdão, estará na condição apresentada neste verso: O Senhor não lhe imputará maldade, e em seu espírito não haverá engano, visto que foi de novo criado, segundo Deus, em verdadeira justiça e santidade.
Estes dois versículos apontam duas
situações distintas de um mesmo homem. Bem-aventurado é o homem:
a) cujo pecado é coberto, e;
b) cujo espírito não há engano. Este
é o novo homem e aquele o velho homem.
O novo homem gerado em Cristo não tem
maldade a ser imputada. Se tivesse, é certo que seria imputada, pois Deus não
tem o culpado por inocente. Só o novo homem não possui engano ou falsidade em
sua natureza.
Quando o apóstolo Paulo recomenda aos
cristãos serem misericordiosos, ele está abordando questões comportamentais
pertinentes aos cristãos, mas o tema não é o mesmo apresentado por Jesus "Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos,
perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" ( Ef 4:32 ).
Agora, quando Cristo diz: "Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é
misericordioso" ( Lc 6:36 ), ele está falando do mesmo
tema apresentado na bem-aventurança. O homem é bem-aventurado quando alcança a
filiação divina. As condições necessárias para que o homem seja verdadeiramente
misericordioso só é possível àquele que Deus recebe por filho.
Observe o que Jesus ensinou: "E, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia:
Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. Bem-aventurados
vós, que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que
agora chorais, porque haveis de rir. Bem-aventurados sereis quando os homens
vos odiarem e quando vos separarem, e vos injuriarem, e rejeitarem o vosso nome
como mau, por causa do Filho do homem. Folgai nesse dia, exultai; porque eis
que é grande o vosso galardão no céu, pois assim faziam os seus pais aos
profetas";
Porém aos abastados espiritualmente
diz: "Mas ai de vós, ricos! porque já tendes a
vossa consolação. Ai de vós, os que estais fartos, porque tereis fome. Ai de
vós, os que agora rides, porque vos lamentareis e chorareis. Ai de vós quando
todos os homens de vós disserem bem, porque assim faziam seus pais aos falsos
profetas";
E Jesus passa a alertar os seus
ouvintes:
"Mas a vós, que isto ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem
aos que vos odeiam; Bendizei os que vos maldizem, e orai pelos que vos
caluniam. Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te
houver tirado a capa, nem a túnica recuses; E dá a qualquer que te pedir; e ao
que tomar o que é teu, não lho tornes a pedir. E como vós quereis que os homens
vos façam, da mesma maneira lhes fazei vós, também";
Observe que é impossível ao homem
alcançar o padrão de comportamento descrito acima, mas é plenamente possível a
qualquer homem o comportamento descrito abaixo?
"E se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? Também os
pecadores amam aos que os amam. E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que
recompensa tereis? Também os pecadores fazem o mesmo. E se emprestardes àqueles
de quem esperais tornar a receber, que recompensa tereis? Também os pecadores
emprestam aos pecadores, para tornarem a receber outro tanto";
Jesus recomenda um novo padrão de
comportamento aos seus ouvintes?: "Amai,
pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será
grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até
para com os ingratos e maus. Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai
é misericordioso. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não
sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão. Dai, e ser-vos-á dado; boa medida,
recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a
mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo";
A nova forma de comportamento
demonstra que o homem está de posse da filiação divina. As questões
comportamentais não levam o homem a alcançar a filiação divina, mas quando se
alcança a filiação por meio de Cristo, o homem terá em si as condições
necessárias para ter um comportamento a altura de sua nova condição.
Quando Jesus disse: "Sede, pois, misericordiosos..." o
que realmente ele recomendou? A resposta encontra-se na parábola: "E dizia-lhes uma parábola: Pode porventura o cego guiar o cego?
Não cairão ambos na cova? O discípulo não é superior a seu mestre, mas todo o
que for perfeito será como o seu mestre. E por que atentas tu no argueiro que
está no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho?
Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no
teu olho, não atentando tu mesmo na trave que está no teu olho? Hipócrita, tira
primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o argueiro que está
no olho de teu irmão";
Jesus recrimina os lideres religiosos
judeus: eles eram cegos guiando uma multidão de cegos. Qualquer um que
aprendesse com um fariseu, o máximo que alcançaria era ser um fariseu.
A perfeição que alguém poderia
alcançar aprendendo de um fariseu seria: "...
exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de
hipocrisia e de iniqüidade" ( Mt
23:28 ).
"Porque não há boa árvore que dê
mau fruto, nem má árvore que dê bom fruto. Porque cada árvore se conhece pelo
seu próprio fruto; pois não se colhem figos dos espinheiros, nem se vindimam
uvas dos abrolhos. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o
homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do
seu coração fala a boca"
Por meio de parábolas Jesus evidência
um princípio pertinente ao evangelho: só é possível um homem produzir o bem a
partir do momento que ele estiver ligado a oliveira, que é Cristo.
Aquele que não está em Cristo obrará
o mal sempre, e aquele que em Cristo estiver produzirá segundo a espécie da sua
boa árvore, o bem. A transformação que se opera na natureza transbordará além
do coração. O homem poderá tirar o bem do bom depósito.
"E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?
Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras, e as observa, eu vos
mostrarei a quem é semelhante: É semelhante ao homem que edificou uma casa, e
cavou, e abriu bem fundo, e pós os alicerces sobre a rocha; e, vindo a
enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa, e não a pode abalar, porque
estava fundada sobre a rocha. Mas o que ouve e não pratica é semelhante ao
homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com
ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa".
Toda obra que o homem edifica se não
estiver alicerçada em Cristo, nada representa para Deus. O exemplo da árvore e
da casa alicerçada versa sobre os mesmos princípios.
"Bem-aventurados
os limpos de coração, porque eles verão a Deus"
Observe que após a segunda
bem-aventurança ocorreu uma mudança sutil na composição do texto. No início do
sermão Jesus destaca a necessidade daqueles que são bem-aventurados: pobres e
que choram. Ele destacou a necessidade e o que alcançaram: o reino dos céus e o
serem conciliados.
Deste ponto em diante Jesus passou a
destacar a nova condição daqueles que já haviam alcançado o reino dos céus e
estavam consolados. Jesus passa a descrever os bem-aventurados como mansos,
misericordiosos, puros de coração, pacificadores, etc.
Só é possível ver a Deus quando se
está limpo de coração, e a palavra de Deus tem esta função, remover todas as
impurezas. Por meio da palavra do evangelho os discípulos estavam limpos. De
igual forma, todos quantos ouvirem do evangelho e crerem em Cristo também estão
limpos: "Vós já estais limpos, pela palavra que vos
tenho falado" ( Jo 15:3 ).
Quem são os limpos de coração? Como
alcançar esta condição?
Os limpos de coração são aqueles que
ouviram e aprenderam de Cristo, que é manso e humilde de coração. Os limpos de
coração são aqueles que alcançaram a condição de filhos de Deus, uma vez que
morreram com Cristo e ressuscitaram com Ele uma nova criatura.
O novo homem é criado através do
poder de Deus que o evangelho contém, e por meio desta nova criação o homem
passa a ter um novo espírito e um novo coração, limpo de impurezas ( Rm 1:16 ;
Jo 1:12 -13). Estes são os Regenerados.
Alguém pode questionar: Como é
possível ver a Deus? João responde: "Deus
nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o
revelou" ( Jo 1:18 ).
Aqueles que são instruídos por Cristo
verão a Deus, pois estão completamente lavados peal palavra do evangelho.
"Bem-aventurados
os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus"
Jesus dá outro título aos
bem-aventurados: pacificadores!
Quem são, e o que é ser um
pacificador? Seriam aqueles que repudiam a guerra? Não!
Os pacificadores são aqueles que
levam as boas novas de paz. Àqueles que anunciam que Deus está em Cristo
reconciliando consigo mesmo o mundo! Estes são os pacificadores "Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não
lhes imputando os seus pecados; e pós em nós a palavra da reconciliação" ( 2Co 5:19 ).
Aqueles que cumprem o ide de Jesus,
estes são os pacificadores. Jesus, o Filho de Deus foi enviado ao mundo para
proclamar a palavra da verdade: "O
Espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar
boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a
proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos" ( Is 61:1 ).
Todos quantos recebem a mensagem do
evangelho também são comissionados a levar as boas novas de salvação. Além da
incumbência maravilhosa de anunciar o evangelho o Cristão é agraciado com a
filiação divina.
Somente os filhos de Deus, os de novo
nascido, podem levar a semente da palavra da verdade. Isto porque eles são
nascidos da semente incorruptível, e o que anunciam, o fruto dos lábios, contém
a semente incorruptível.
"Bem-aventurados
os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos
céus"
A missão dos pacificadores não é fácil. Eles sofrerão perseguições, mas o reino dos céus pertence a eles.
A perseguição é por causa da justiça
de Deus expressa no evangelho. Os bem-aventurados não serão perseguidos por
questões humanas, mas por causa da mensagem de Cristo, que é a justiça de Deus
aos homens "Mas agora se manifestou sem a lei a justiça
de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; Isto é, a justiça de Deus
pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem; porque não há
diferença" ( Rm 3:21 ).
O motivo da perseguição dos
pacificadores é por causa de Cristo, a justiça de Deus aos homens.
"Bem-aventurados sois vós, quando
vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por
minha causa"
Jesus para de falar das bem-aventuranças ao apontar para os seus discípulos.
Os discípulos deveriam entender que
eram bem-aventurados quando sofressem injurias e perseguições. É uma alegria
ser participante das aflições de Cristo.
Através das bem-aventuranças Jesus
estava se apresentando ao povo, visto que todas elas fluem de Cristo. Em Cristo
está estabelecida a alegria dos povos e das nações.
Mesmo quando perseguido e injuriado o
bem-aventurado é bem-aventurado: a felicidade transcende desta vida para a
eterna. Estevão se alegrou ao ver a face do Senhor!
Não são as perseguições ou as agruras
desta vida que tornam um homem bem-aventurado. Problemas fazem parte do
cotidiano. A bem-aventurança decorre do evangelho de Cristo, pois Cristo é que
concede aos homens a condição de alegria em Deus.
Após anunciar as beatitudes, Jesus
demonstrou que somente os seus seguidores alcançam a verdadeira felicidade "Bem-aventurado sois vós..." ( Mt
5:11 ).
A verdadeira alegria pertence aqueles
que, por causa de Cristo, haveriam de ser perseguidos e injuriados "Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus
serão perseguidos" ( 1Tm 3:12 ).
Todos quantos estiverem em Cristo
serão perseguidos, mas, além de estarem de posse das bem-aventuranças, deveriam
exultar por causa do galardão guardado nos céus. Que privilegio e que alegria!
Ser perseguido como foram perseguidos os profetas do passado e ainda ter
direito a um grande galardão guardado nos céus (v. 12)!
Cristo declara que os seus
seguidores, além de serem bem-aventurados e de possuírem galardões guardados
nos céus, também são o sal da terra.
Em que aspecto os seguidores de Jesus
são o sal da terra? Os seguidores de Cristo conservam o padrão das sãs palavras
do evangelho. Mediante a ação do Espírito Santo os cristãos guardam-na em bom
depósito ( 2Tm 1:13 ).
A palavra de Deus é alimento que dá
vida aos homens, e os seguidores de Cristo também desempenham a função do sal:
torna agradável ao paladar (ouvidos) o alimento (evangelho).
O cristão quando anuncia o evangelho
não está fazendo a 'obra' de Deus, como alguns pensam realizar.
A obra de Deus é a de conceder vida,
e vida em abundância, e homem algum realizará está obra, que é exclusiva de
Deus "Por isso, nem o que planta é alguma coisa,
nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento" ( 1Co 3:7 ).
Não foi dado aos seguidores de Cristo
fazer a obra que é realizável somente por Deus "Que
faremos para executarmos as obras de Deus?" ( Jo
6:28 ).
Os seguidores de Cristo podem se
oferecer como libação sobre o sacrifício, mas nunca realizarão a obra de Deus "E, ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e
serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós" ( Fl 2:17 ).
Os bem-aventurados são sal por ter a
função de dar sabor agradável, o que torna agradável aos homens a mensagem do
evangelho.
O apóstolo Paulo preocupou-se muito
com estes aspectos ao pedir que orassem por ele "Orai
também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de
falarmos do ministério de Cristo, pelo qual estou preso. Orai para que o
manifeste como devo fazer" ( Cl 4:3 -4).
Os cristãos devem andar em sabedoria
para os que estão de fora, aproveitando bem cada oportunidade para proclamar o
evangelho. Para isso a palavra do Cristão deve ser temperada com sal! Qual
palavra deve ser temperada? A palavra (mensagem) do evangelho.
O andar do cristão, ou a resposta
conveniente são elementos que 'temperam' a palavra do evangelho aos que são de
fora.
O apóstolo Pedro faz referência aos
bem-aventurados e a perseguição em decorrência do evangelho: "Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de
Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis.
Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós
repousa o Espírito da glória e de Deus; quanto a eles, é ele, sim, blasfemado,
mas quanto a vós, é glorificado. Que nenhum de vós padeça como homicida, ou
ladrão, ou malfeitor, ou como o que se entremete em negócios alheios; Mas, se
padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte"
( 1Pe 4:13 -16).
Caso o cristão não desempenhe a
função do sal, com que se há de salgar? Todos quantos se dizem seguidores de
Cristo devem estar cônscios de sua condição. Se o cristão não desempenhar o
papel para qual foi comissionado, resta ser lançado fora e servirá de pasto aos
homens.
O cristão deve ter muito cuidado para
não confundir: 'ser pisado pelos homens' e o 'ser bem-aventurado por sofrer
perseguições'. Quando os cristãos são perseguidos por causa do evangelho é
bem-aventurado, mas, haverá aqueles que padecem por se intrometer em negócios
alheios, etc.
O Cristão é a luz do mundo, pois é
filho da Luz "Enquanto tendes luz, crede na luz, para que
sejais filhos da luz. Estas coisas disse Jesus e, retirando-se, escondeu-se
deles" ( Jo 12:36 ). Os discípulos eram luz no Senhor,
visto que, creram em Cristo.
Sendo luz no mundo, isto indica que,
tal qual Jesus é, os discípulos o eram neste mundo "... porque, qual ele é, somos nós também neste mundo" ( 1Jo 4:17 ).
A função dos seguidores de Cristo é a
de conceder luz ao mundo (casa) que está em trevas.
Os seguidores de Jesus tornam-se luz,
por serem nascidos da Luz (regeneração). Agora, na condição de filhos da luz,
os nascidos de novo devem comportar-se como filhos "Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no SENHOR;
andai como filhos da luz" ( Ef 5:8 ).
Quem é nascido de novo deve comportar-se de modo digno da vocação para
qual foi chamado, ou seja, não deve portar-se como andam os outros gentios ( Ef
4:1 e 17).
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