quinta-feira, 16 de julho de 2015

A maldição da lei

A maldição da lei
“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” ( Gl 3:13 ).
O apóstolo Paulo deixa claro que Cristo nos resgatou da maldição da lei, porém, buscando estabelecer um paradoxo, Piper faz a seguinte pergunta: - A maldição de quem? Em seguida ele arremata a pergunta com o seguinte argumento: “Mas a lei não é uma pessoa para que possa amaldiçoar. Uma maldição só é uma maldição de fato se houver alguém que amaldiçoe. A pessoa que amaldiçoa por meio da lei é Deus, que escreveu a lei. Portanto, a morte de Cristo pelo nosso pecado e por nossa transgressão da lei foi a experiência da maldição do Pai” Idem.
Para Piper só há maldição quando há alguém que amaldiçoa, porém ele erra por não discernir que quem amaldiçoa é o transgressor. A bíblia deixa claro que a maldição é consequência dos atos do transgressor "Como ao pássaro o vaguear, como à andorinha o voar, assim a maldição sem causa não virá" ( Pr 26:2 ). A maldição nunca advém da lei, visto que a lei é santa, justa, e boa. A maldição decorre do primeiro homem que transgrediu a lei, pois Deus a ninguém tenta “Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos” ( Rm 5:19 ; Tg 1:13 ).
A mesma argumentação que Piper utiliza ao interpretar o verso em tela é utilizada por alguns ateus quando analisam a determinação que Deus deu a Adão no Éden. Porém, como expressa as Escrituras, não foi Deus quem amaldiçoou Adão, porque a determinação do Éden era expressão do cuidado de Deus, que avisou do risco que havia em se tornar participante do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.
Não foi Deus quem amaldiçoou Adão, antes foi Adão que buscou e lançou maldição sobre si e sobre toda a sua descendência em virtude da força da penalidade que havia na transgressão do mandamento: certamente morrerás. O que Deus deu a Adão foi uma lei santa, justa e boa, pois foi instituída para preservar-lhe a vida, porém, na lei estava explícita uma maldição ao transgressor e, quando Adão comeu do fruto, o pecado que é excessivamente maligno achou ocasião na força da lei santa, justa e boa que dizia: dela não comerás.
Quando o apóstolo Paulo diz que Cristo nos resgatou da maldição da lei, pois se fez maldição por nós, apresentou a base legal: ‘Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro’. A maldição que Cristo veio dar liberdade ao homem diz da maldição do Éden em decorrência da transgressão do mandamento dado a Adão, e não da maldição da lei mosaica, visto que a lei mosaica foi dada para conduzir os judeus a Cristo, uma vez que os gentios não tinham lei ( Gl 3:24 ; Rm 2:14 ; Ef 2:12 ). Se Cristo morresse para livrar os homens da maldição da lei mosaica, os gentios não seriam contemplados com a salvação, pois a lei foi escrita e dada especificamente aos judeus, ou seja, a maldição que Cristo levou sobre si diz da maldição que decorre da desobediência à lei dada no Éden ( Rm 2:14 ).
Na lei mosaica foi estipulado que, caso alguém houvesse transgredido a ponto de ser condenado ao madeiro, que o transgressor não permaneceria pendurado no madeiro de um dia para o outro ( Dt 21:22 -23).
Por que tal determinação? Porque assim como a serpente foi levantada no deserto, assim importava que o Filho do homem também fosse levantado ( Jo 3:14 ; Jo 12:32 -33 ). Porém, era necessário o Filho do homem descer ao seio da terra no mesmo dia da sua morte, pois estava determinado três dias para que Ele permanecesse no seio da terra e ressurgisse dentre os mortos ( Mt 12:40 ).
Ou seja, a determinação na lei visava impedir que o corpo de Cristo permanecesse na cruz de um dia para o outro, visto que, se assim fosse, o Cristo não passaria três dias no seio da Terra conforme o predito “Quando também em alguém houver pecado, digno do juízo de morte, e for morto, e o pendurares num madeiro, O seu cadáver não permanecerá no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia; porquanto o pendurado é maldito de Deus; assim não contaminarás a tua terra, que o SENHOR teu Deus te dá em herança” ( Dt 22:22 -33).
Ora, a lei foi dada por causa dos transgressores, porém, Cristo não transgrediu, antes foi somente contado entre os transgressores para que pudesse levar sobre si a maldição deles. A maldição não advém de Deus, antes decorre da transgressão, pois Deus a ninguém amaldiçoa.
Cristo ter sido crucificado não significa que Deus amaldiçoou o seu Filho, antes que Ele estava sendo crucificado em decorrência da transgressão da humanidade. É a transgressão que impõe maldição, porém, Cristo foi crucificaram sem transgredir "Mas é para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem causa" ( Jo 15:25 ).
Mas, porque Cristo foi parar no madeiro? A resposta advém do salmo 22: Porque como servo do Senhor, Jesus se tornou verme, opróbrio dos homens, ferido de Deus.
Todos os homens estavam sob a maldição do Éden, até mesmo os que receberam a lei. Pois a Lei determinava que quem cumprisse todas as suas determinações viveria por ela, mas ninguém conseguiu cumprir toda a lei. Como ninguém cumpriu a lei, permanecia a maldição; "Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las" ( Gl 3:10 )
Quando Cristo veio em cumprimento da lei ( Mt 5:17 ), veio na condição de Filho amado, em quem Deus tinha prazer. Ele não era merecedor de morte, pois foi introduzido no mundo livre de pecado, livre da condenação e da maldição que pesava sobre os homens. Quando Cristo se sujeitou à morte, e morte de cruz, não foi na condição de transgressor que foi suspenso como maldito "E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz" ( Fl 2:8 ).
 Ele assumiu a condição de maldito não como transgressor, pois quando foi pendurado no madeiro, deixou ser pendurado em obediência à determinação do Pai. Ele sujeitou-se à condição de maldito, deixando ser colocado no madeiro, porém, não como transgressor, mas em obediência àquele que tinha poder de livrá-Lo ( Hb 10:9 -12); "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro" ( Gl 3:13 ).
Na desobediência de um homem (Adão) muitos foram feitos malditos, mas na obediência do Filho do homem, que se sujeitou à morte de cruz (cálice), humilhando-se a si mesmo, muitos foram feitos justos ( Rm 5:19 ).
Os transgressores eram conduzidos ao madeiro em decorrência dos seus crimes e, permaneciam sob a maldição da transgressão de Adão, mas quando um obediente sem pecado sujeitou-se a tomar a cruz e seguir ao calvário, reuniu os elementos necessários para o resgate da humanidade (de todo que n’Ele crer).
Cristo foi tido como maldito pelos homens em decorrência da cruz, mas na verdade, na cruz estava o Cordeiro que pertencia a Deus. O que os homens reputavam por maldito, aflito, ferido por Deus, na verdade pertencia a Deus, por isso chamado de ‘maldito de Deus’ ( Dt 22:22 -33), o que é muito diferente de ser o amaldiçoado por Deus, pois a maldição só vem em função da transgressão. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias ( 1Co 1:27 ).
Devemos lembrar também que todos os homens que vem ao mundo entram por Adão, que é a porta larga que dá acesso a um caminho largo que conduz à perdição. Por causa de Adão todos os homens são filhos da ira e da desobediência, ou seja, destinados à separação eterna de Deus. Morrer sem Cristo, ou seja, sem nascer de novo pela fé no Descendente prometido a Abraão é perdição eterna. Em vista desta verdade, qualquer que fosse pendurado no madeiro, o que significava morte física, era maldito, pois seguia para a eternidade alienado de Deus.
Cristo, ao ser pendurado no madeiro, se fez maldição em prol da humanidade, porém, Ele era sem pecado pois, não foi gerado segundo a carne, o sangue e a vontade do varão, antes foi gerado pelo Espírito de Deus no ventre de Maria “Sobre ti fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre de minha mãe” ( Sl 22:10 ). Apesar de morrer morte de madeiro, o pecado não possuía domínio sobre o Filho de Deus, pois Ele não foi gerado da semente do pecado, antes foi formado por Deus no ventre de Maria.
Por não ser pecador, a morte não teve domínio sobre Cristo, pois a morte só tem domínio sobre aqueles a quem a lei disse: certamente morreras. Somente sobre esses a lei possui força, ou seja, sobre os descendentes da carne de Adão. Aquela lei santa, justa e boa deu ocasião à separação de Deus em função da desobediência de Adão.
O pecado não possuía força, antes a buscou na lei que diz: '- Certamente morrerás', a força necessária para aprisionar o homem. Por causa da morte proveniente da força da lei, o pecado escraviza os homens, o que foi impossível com Cristo. A morte não pode resistir! Soltas as ânsias da morte, Jesus ressuscitou para gloria de Deus Pai.
Ou seja, ao se oferecer sobre o madeiro, Jesus estava estabelecendo um novo e vivo caminho, através do sacrifício do seu corpo, de modo que a humanidade voltasse a ter acesso a Deus. E qual o acesso a Deus? Que os homens tomem cada um a sua própria cruz sigam após Cristo, sejam crucificados, mortos, sepultados no batismo da morte de Cristo, quando são de novo gerados uma nova criatura em verdadeira justiça e santidade em comunhão com Deus.
Portanto, a morte de Cristo foi substitutiva, visto que qualquer homem que experimentasse a morte física estaria perdido por toda a eternidade. Mas, como Cristo morreu em lugar da humanidade, ninguém que n’Ele crê precisa ficar com medo do pecado e da morte. Ninguém deve temer o madeiro e os sofrimentos dele decorrente! Antes, deve tomar cada um sobre si a sua cruz e seguir após Cristo até o calvário. Deve morrer com Cristo, pois a lei que diz: A alma que pecar esta mesma morrerá, não foi invalidada com a morte de Cristo. Antes ele providenciou o meio de o homem morrer sem provar a morte física e ser glorificado sem descer à sepultura ( Rm 6:3 -8; Cl 3:1 ).
A pena imposta pela lei no Éden não passa da pessoa do transgressor. Como todos pecaram todos devem morrer, porém, se morrer a morte física sem Cristo é condenação, mas se morrer com Cristo conforme Ele conclama a todos para que tomem sobre si a sua própria cruz, quando morrer fisicamente, a morte não mais tem domínio sobre tal pessoa, pois já ressurgiu com Cristo e é uma nova criatura.
Cristo derramou a sua alma na morte e foi contado entre os homens (transgressores), para levar sobre si o pecado de muitos ( Hb 2:9 e 14). Assim Ele fez pelo prêmio que lhe estava proposto: “Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores” ( Is 53:12 ; Hb 12:2 ).
Substitutivamente Jesus morreu pelos pecadores ( Is 53:6 ), mas para ser digno d’Ele é necessário ao homem tomar sobre si a sua cruz, chegar ao calvário, morrer com Cristo, ser sepultado na morte pelo batismo na morte de Cristo ( Rm 6:3 ), e ressurgir dentre os mortos na condição de irmão do Primogênito dentre os mortos “E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim” ( Mt 10:38 ).

Hoje o crente se gloria na ressurreição! Quando não crente, foi necessário aproximar-se de Cristo na morte, agora exultamos na ressurreição, pois fomos plantados à semelhança da sua morte e ressurgimos na semelhança da ressurreição de Cristo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário